Neste dia Mundial da Criança, presto-lhes a minha homenagem com esta antiga imagem de Colares tirada do telhado da Igreja Matriz. Antiga não só por estar a preto e branco, mas comprovado pelo facto das crianças que estão ali à frente, a brincar no meio da estrada, sem a preocupação da possibilidade de passar algum carro, dos quais nem um para amostra sequer estacionado.
Pacato, antigo, memórias, só ama quem sente.
Podemos ver o barco de madeira, os carros antigos, algumas árvores já desaparecidas, as crianças de ontem que serão hoje vetustas personalidades da nossa Terra e a pérola desta imagem será porventura esta vedação que separa o passeio do próprio rio.
Pode ver-se a tabuleta do Talho de Artur Pinto.
Haverá, com certeza, alguém que saberá identificar o prior e mais algumas das pessoas que aparecem na foto.
Uma gravura, pela criatividade do autor, pela sua habilidade ou falta dela, poderá ou não ser uma promessa fidedigna da realidade da época em questão, como estas gravuras seculares, com as alterações impostas pelo tempo e/ou pelo Homem.
Se tivermos em conta a legenda da gravura maior, «Tanque da Várzea de Colares» e os ângulos da árvore que sinalizei em ambas as gravuras, com boa vontade podemos considerar que a gravura mais pequena, executado pelo Rei D. Carlos de Bragança em 1885, também corresponde à ponte da Várzea de Colares.
Os apoios laterais da(s) ponte(s) não correspondem, mas poderá ter havido alguma alteração ou então poderemos estar em presença da já referida criatividade dos autores.
Encontrei esta gravura na Biblioteca Nacional, com a legenda «Colares».
Eu aventei que seria a Rua da República, o Nuno sugeriu a Rua da Abreja, a Aurora a Rua dos Marinheiros ao pé de onde mora o Hipólito...
Fui tirar uma fotografia, mais ou menos com o mesmo enquadramento, mas não fiquei satisfeito, porque estavam muitos carros!
Para mim é a Rua da República, pelas seguintes razões:
1 - A curvatura da rua, com as casas a acompanhar, coincide com a actual;
2 - Em cima na imagem antiga, a parte mais escura sugere um conjunto de árvores:
3 - À direita o tamanho dos arbustos, árvores, minimiza o tamanho do muro de suporte de terras, mas é visível;
4 - Na gravura antiga, o edificado da direita, que parece ser do domínio público, coincide com o local onde hoje existe um chafariz. Podemos imaginar que seria um lugar de encontro, onde os animais e, quem sabe, as pessoas se poderiam dessedentar. Uma aparente incongruência é o facto do ano inscrito no chafariz ser 1894. Como a gravura será anterior, neste chafariz pode ter havido algum melhoramento e terem assumido essa data.
5 - Em baixo, à esquerda é possível ver o começo da Rua da Abreja, com uma antiga porta, agora janela situada exactamente no mesmo lugar, e à direita sugere-nos o começo da Rua Fria e, ainda, mais perto de nós o começo do Largo Carlos França, também conhecido pelo Largo do Coreto ou Largo da Igreja.
Neste momento de mais uma merecida consagração de um dos nossos, apraz-me escrever as seguintes palavras.
A ligação da família Caruna à Banda dos Bombeiros Voluntários de Colares já vem de longa data. Domingos Rodrigues Caruna, pai do nosso António Caruna, em 1929 está nos Corpos Sociais da Banda como Tesoureiro faz agora 84 anos. Em 1978 António Caruna é eleito Presidente da Direcção da Banda onde permanece até 1990. Transita então para a Assembleia Geral, até ao ano de 2006, de onde só sai por motivo de doença.
António Caruna, sempre foi olhado com superior respeito, considerado por todos como uma referência, razão pela qual se verificou a sua ligação a todas as Instituições de Colares.
Por vezes, António Caruna, arranjava problemas a muita gente. Em mais do que uma ocasião ouvi pessoas, de reconhecidas capacidades intelectuais, dizerem que era penoso falar depois do senhor Caruna pela sua capacidade de oratória e eloquência.
Foi com ele, que comecei a apreender a necessidade de a Banda ter um espaço próprio. Espaço com a dignidade e funcionalidade que Colares e a Instituição merecem, para o desenvolvimento cultural e social da nossa população. Tenho pena que o sr. Caruna não tenha tido a oportunidade de ver levado a efeito esse desiderato.
No nosso centenário, no ido ano de 1991, a Banda dos Bombeiros Voluntários de Colares, edita o livro «CEM ANOS DE CULTURA E RECREIO» comemorativo da efeméride, da autoria do nosso irmão António Caruna. Aqui, deixa transparecer o seu amor pela representação, pois o livro é estruturado como se de uma peça de teatro se tratasse. Para tornar o senhor Caruna mais presente nesta sessão solene, para fazer a apresentação desta sua obra, vou socorrer-me das suas próprias palavras. Passo a citar:
Abrangendo tão dilatado período de acção, necessariamente rico de intervenientes, algumas figuras poderão ter sido exageradamente privilegiadas com papéis de primeiro plano em detrimento de outras. Mas todos sabemos que o mérito de qualquer representação teatral não depende exclusivamente do comportamento das figuras visíveis, por muita e importante que tenha sido a sua participação, mas de um somatório de esforços e colaborações, que embora fundamentais e indispensáveis ficam por vezes na penumbra dos bastidores e esquecidas dos aplausos no momento da consagração.
Esta metáfora que nos é apresentada pelo senhor Caruna é muito interessante, onde a vida não passa de uma peça de teatro, onde cada um representa o seu papel, com maior ou menor relevo, com maior ou menor reconhecimento, o guião poderá estar ou não previamente definido, aquilo que muita gente chama o destino.
Nesta obra faz a seguinte dedicatória: «Na pessoa de José Inácio da Costa, um homem-bom de Colares, o preito da minha sincera homenagem a quantos, ao longo de um século e mesmo que anonimamente, contribuiram com o seu amor e a sua dedicação em favor da BANDA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE COLARES».
Homem-bom, é uma expressão que lhe era muito querida para designar figuras de grande relevo de Colares.
Num breve parágrafo, de que eu gosto particularmente, o senhor Caruna caracteriza a história da nossa Banda:
Enriquecido por um passado, caldeado pelas muitas experiências vividas, em clima de euforia ou de algum desânimo, a nossa Banda transporta consigo uma mensagem de esperança e de disponibilidade para cumprir os ideais que motivaram os fundadores, servindo a população geral.
Obrigado António Nunes Rodrigues Caruna, um homem-bom de Colares.
Manda-se a todos os fidalgos, cavaleiros, escudeiros e corregedores, ouvidores, juízes justiças, oficiais e pessoas assim da dita vila como de outras quaisquer que hajam daqui em diante o dito João Lopes por "nosso e sob nossa guarda" e lhe não façam nem consintam ser feito nenhum desaguisado e receba honra favor e todo o bom amparo. Vicente Pires a fez.
Chancelaria de D. Manuel I, liv. 29, fl. 31v
Muito interessante, os filhos e os enteados digo eu.
Sampaio pede desculpa sem usar a palavra desculpa mas não tem desculpa porque tem culpa ao que isto chegou.
Diz que: “A crucial importância política de 2011 não advém tanto de actos eleitorais que tenham ou possam ter lugar, mas sim da capacidade das principais forças partidárias em criar uma plataforma de entendimento e concertação entre si, mas também entre os agentes económicos e os parceiros sociais, para a próxima década”.
Quando havia um Governo de direita, o ex-Presidente da Repúbica, da área socialista, não teve hesitações em provocar eleições dando origem a um Executivo que provocou a crise que estamos a viver. Se as eleições fossem hoje, acredito que outro Partido ganharia as eleições, mas esta não é justificação para que aconteça no presente ou nesse passado.
Jorge Sampaio mudou de ideias. Defende agora soluções de longo prazo, que sejam criadas condições para que quem está no Poder tenha condições para governar.
Fica-lhe bem este pedido de desculpa. Pena é que não tenha coragem de pedir desculpa aos portugueses com todas as letras.
Memórias de infância.
Encontrado no http://restosdecoleccao.blogspot.com/2011/01/antigos-autocarros-de-passageiros-8.html
Se ainda tem alguma prenda para comprar aqui ficam duas sugestões.
Um passeio de Cintra até ao Mar ( http://estupefacto.blogs.sapo.pt/211495.html ) imagens com histórias de ontem, com paisagens vividas pelos nossos pais e avós - de Nuno Gaspar e Miguel Gaspar. Pode comprar em vários pontos da nossa freguesia como por exemplo no Café do Manel da Praia das Maçãs, sendo esta uma lembrança cuidada e de prestígio.
Mem Martins Retratos - de Zé de Fanares é um livro que reúne textos que há uns anos, foram publicados, semanalmente, no Jornal de Sintra, coluna essa que eu lia com muita satisfação. O preço é puramente simbólico, 5 Euros, e pode ser encontrado na Loja do Jornal de Sintra. Aqui vos deixo uma pequena, mas deliciosa, estória daquele tempo quando Mem Martins era uma aldeia.
O DEDO
O seu nome era Alfredo dos Santos mas toda a gente o conhecia por Alfredo da Rita - era filho da Rita Cavaleira. Também o tratavam por «Janeira», alcunha que tinha desde novo, sem saber bem porquê.
Trabalhou aos e anos na quinta do António Lopez Alvarez e a sua principal tarefa era ir todos os dias a Sintra. Ao hotel do patrão (o Hotel Nunes), levar produtos da quinta e de caminho trazer restos de comida para os porcos.
Como nesse tempo não havia ainda a estrada que liga Mem Martins à Portela, o Alfredo da Rita fazia o percurso Mem Martins - Ranholas - S. Pedro - Sintra. Tarefa dura, já que, quer de Verão, quer de Inverno, lá ia ele de madrugada, sempre na carroça puxada por um «cavalicoque» branco cuja guizeira era o despertador das pessoas que moravam à borda da estrada.
Amigo da pinga, visitava todas as tascas da beira da estrada e nem era preciso mandar parar o animal, ele disso se encarregava e, se alguma vez (raras vezes!), o Alfredo não lhe apetecia molhar o bico, tinha que se apear, porque a alimária só recomeçava a jornada depois dele ter entrado e saído da tasca.
Um dia «Janeira» entalou um dedo no taipal da carroça. A Ti Maria de Lourel, mulher do caseiro (o João da Velha) depois de lavar a ferida com água oxigenada, enrolou-lhe um trapo e aconselhou-o a «ir a qualquer lado, mostrar a ferida».
- Qual quê! Eu sou de boa carnadura! - disse o Alfredo e concluiu, só para ouvir a Ti Lourel, que era muito resmungona:
- Isto com mais umas copaneiras, tá aqui tá bom!
Assim não aconteceu e o «Janeira» lá continuava com o dedo entrapado.
Um dia quando descarregava - conforme podia - a hortaliça no hotel, o patrão reparando no trapo, já muito sebento, disse-lhe:
- Ó Alfredo, quando acabares de descarregar a carroça vais ali ao hospital, para lá te verem esse dedo.
O «Janeira» ainda tentou esquivar-se mas o patrão não lhe deu azo e não teve outro remédio senão ir. Em tal estado se encontrava a ferida que não houve alternativa - cortaram-lhe o dedo.
No outro dia, apesar de convalescente, o Alfredo da Rita, de braço ao peito, entra na taberna para, como de costume, matar o bicho.
O taberneiro, ao vê-lo de braço ao peito e calculando que o mal se tinha agravado, pergunta-lhe:
- Atão ó Alfredo, o dedo?
Responde o «Janeira», muito chateado, olhando para aquele rodilhão de ligaduras e encolhendo os ombros:
- Eu sê cá do dedo! Ficou lá no hospital!!!!
Para a malta mais nova, que não teve acesso a esta campanha fabulosa, passo a explicar.
Há alguns anos, já não sei quantos, talvez 20?, os BOLLYCAOS traziam uns rectangulos de cartão autocolante impressos com estes «Tou». Sei que até nas Universidades os estudantes faziam trocas como se de miúdos se tratassem.
Tou com saudades.
Encontrado aqui
A fotografia sempre foi usada para futura lembrança, para mais tarde recordar, para passar o testemunho do presente. Encontramos na fotografia a lembrança, do que fizemos, das pessoas que amamos e ou amámos e de outras que já não estão entre nós.
Vai ser lançado, no próximo dia 13 de Novembro, na Estalagem de Colares das 18H00 às 22H00, um livro de imagens antigas, imagens retiradas de postais e fotografias antigas da Colecção de Nuno Gaspar.
Trabalho conjunto de Nuno Gaspar e Miguel Gaspar, é editado pela Artlândia-books, e pretende transmitir aquilo que nas primeiras décadas do século XX, os nossos avós viam e sentiam num passeio de Sintra até às Azenhas do Mar.
Com inicio no Ramalhão, percorre em imagens, e alguns textos explicativos dos monumentos e zonas mais importantes, S.Pedro de Sintra, a Vila Velha, Estefânia, Seteais, Monserrate, Castelo da Pena, Capuchos, Galamares, Colares, Praia das Maçãs, acabando nas Azenhas do Mar.
Porque não reservar o fim da tarde desse Sábado, para no ambiente acolhedor da Estalagem de Colares (antigo Restaurante Camarão) assistir ao lançamento deste livro que pretende acima de tudo promover a nossa zona de Sintra.
Para quem estiver interessado, a Estalagem de Colares, serve nesse dia um Buffet, ao preço de € 15,00 por pessoa, bebidas incluídas.
Texto Nuno Gaspar
Este título podia ter sido usado na comunicação social, mas há algumas décadas atrás. Hoje ninguém acredita que os nossos craques equacionassem sequer esta possibilidade.
Àcerca deste acontecimento gostava de deixar aqui um episódio que aconteceu nesses tempos que já lá vão.
Estava a equipa de todos nós (digo eu), a estagiar nesta antiga unidade hoteleira e como é natural os mirones eram mais que muitos.
Um senhor leva a sua sobrinha na sua bicicleta, por onde passam os campos e os jardins ficam mais arejados e o ramo de flores cresce a olhos vistos. A cachopa, hoje uma senhora muito estimada e de destaque na nossa sociedade, dá o ramo ao capitão (seria o Águas?), ao que ele retribui com duas beijocas. Desde esse dia, esta nossa amiga é uma grande benfiquista contrariando na época a verde vontade de seu pai.
Esta história pode não ter piada para muitos mas tem Graça e isto não é nenhuma contradição.
(Foto retirada do meu link Postais Antigos)
ADENDA - texto escrito pelo Júlio Pacheco no facebook, em comentário a este post.
Nos belos tempos de Colares juntavam-se por vezes os três maiores da altura, que estagiavam no EDEN o Benfica, no CAMARÃO o Belenenses e na Várzea o Sporting. Quando jogavam todos em Lisboa era vê-los (pasme-se) a cortar o CABELO e a fazer a BARBA, No Ti Carlos de Almeida e no Sr. Eufrasio Reis... todos em amena cavaqueira pois a maioria jogava na mesma equipa SELECÇÃO NACIONAL! Homens de barba rija !!!
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